Em 115 dias, casos prováveis de dengue em 2024 chegam ao dobro do ano recorde
26 de abril de 2024Maior número de registros da doença havia ocorrido em 2015, quando Brasil enfrentou epidemia
O Brasil atingiu a marca de 3.852.901 casos prováveis de dengue na quarta-feira (24), número que supera o dobro do total de casos prováveis de 2015, ano do recorde histórico da doença.
Na época, o Ministério da Saúde registrou 1.688.688 casos prováveis da doença.
O número também é mais que o dobro dos casos de 2023, quando foram registrados 1.649.144 casos prováveis —a soma entre casos confirmados e em investigação—, de acordo com Painel de Monitoramento de Arboviroses. O país ultrapassou o número de casos registrados no ano passado em março.
As mortes pela doença este ano também já representam um aumento de 52% em relação ao ano passado: segundo o painel do Ministério da Saúde, 1.792 pessoas morreram este ano, enquanto em 2023 foram 1.179.
O Brasil já chega a um coeficiente de incidência de casos de 1.897,4, número que indica situação epidêmica, de acordo com definição da OMS (Organização Mundial de Saúde). Para o órgão de saúde, a definição é quando há incidência acima de 300 casos por 100 mil habitantes.
De acordo com a organização, a epidemia da dengue neste ano pode ser a pior da história.
Em entrevista a jornalistas, a OMS afirmou que o aumento de casos é observado em toda a América Latina e no Caribe, porém três países encabeçam uma situação mais preocupante do cenário da doença: Brasil, Paraguai e Argentina, que representam 92% do casos e 87% das mortes relacionadas ao vírus.
A organização disse que a doença segue um padrão sazonal e, por isso, a maior parte da sua transmissão acontece no primeiro semestre do ano. Reiterou também que mudanças climáticas podem favorecer a dispersão do mosquito vetor da doença, como tempestades e inundações.
São Paulo é o estado com mais mortes pela doença (415). Em 2015, foram registrados 504 óbitos. O estado tem 733.051 casos confirmados da doença e 1.489.008 notificados.
Para especialistas, o aumento da doença observada no sudeste e no sul do Brasil indicavam que o país poderia passar por uma epidemia já no início do ano.
"As mudanças climáticas, o aumento da temperatura em 2023, influenciada pelo El Niño, e também o aumento da temperatura global como um todo, favorecem a expansão do Aedes aegypti para outras regiões, como o sul do Brasil", disse o infectologista Júlio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em reportagem da Folha.
Na capital paulista, o aumento de casos começou a ser verificado no final de novembro, e se intensificou entre os meses de dezembro e fevereiro.
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