Ozempic poderá faltar nas farmácias brasileiras no primeiro semestre, diz fabricante

Problema de abastecimento é resultado de "uma demanda muito maior do que a prevista"; remédio é indicado para o tratamento do diabetes, mas também é utilizado para obesidade.

Por Giulia Vidale — São Paulo

O Ozempic, nome comercial do medicamento para diabetes tipo 2 que tem como princípio ativo a semaglutida, poderá faltar nas farmácias brasileiras neste primeiro semestre. De acordo com a Novo Nordisk, fabricante do remédio, o problema de abastecimento é "resultado de uma demanda muito maior do que a prevista".

Embora não tenha indicação na bula, o fármaco também é utilizado contra obesidade. Esse tipo de uso é chamado de off-label. Questionada se a falta do Ozempic está associada a esse tipo de uso, a Novo Nordisk afirma que "não é possível rastrear a finalidade de uso do produto pelo paciente" e que "não promove nem incentiva nenhuma promoção off-label de seus produtos".

A princípio, apenas a apresentação de 1mg da injeção foi afetada. O medicamento também está disponível em injeções de 0,25 mg e 0,5mg. A Novo Nordisk avisa que já notificou Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre as restrições de fornecimento e que "está investindo intensa e continuamente para resolver a situação e aumentar significativamente a produção anual de Ozempic".

A expectativa é que o abastecimento seja normalizado no segundo trimestre de 2023. Até lá, pacientes com diabetes tipo 2 que utilizam o medicamento podem conversar com seu médico sobre a possibilidade de trocar para outros remédios da mesma classe, chamada análogos de GLP-1.

"Entendemos e lamentamos a preocupação e possíveis transtornos que essa indisponibilidade temporária poderá causar em pacientes com diabetes 2, seus familiares e cuidadores. Encaramos a situação de maneira extremamente séria e estamos trabalhando incansavelmente para superarmos esses desafios temporários", disse a empresa, em comunicado.

O Ozempic é uma caneta injetável aprovada para o tratamento da diabetes tipo 2. O remédio age no corpo imitando um hormônio ligado ao apetite e a alimentação, ajudando a estimular a produção de insulina e, assim, a diminuir os níveis de glicose no sangue do indivíduo. Muitas vezes, por consequência, essa ação também os leva a perder peso.

Por isso, seu uso com a finalidade de emagrecer tem se tornado cada vez mais comum. No final do ano passado, uma "trend" do TikTok esgotou o Ozempic no mercado americano. Usuários da plataforma de vídeos começaram a relatar suas experiências com o uso da semaglutida para a perda de peso. A prática viralizou tanto que o remédio chegou a faltar nos estoques dos Estados Unidos, segundo informações da Bloomberg.

Vale lembrar que existem tratamentos aprovados no Brasil especificamente para o tratamento da obesidade. Recentemente, a Anvisa autorizou o Wegovy.