PIPELINE: Para faturar R$ 6 bi, Panvel vai aumentar rede no Sul
27 de outubro de 2021Número de lojas deve chegar a 527 em dezembro e 850 em 2025.
Por Luiz Henrique Mendes — De São Paulo
Um mês após finalmente migrar para o Novo Mercado, a rede de farmácias Panvel fez ontem o primeiro encontro abrangente com investidores, para mostrar os resultados do plano de dobrar o faturamento até 2025 - chegando a R$ 6 bilhões - e atrair mais acionistas para a companhia.
No primeiro Panvel Day de sua história, a empresa anunciou a simplificação da marca corporativa, adotando de vez a nome da farmácia, divisão que faz mais de 90% das vendas do grupo sediado em Eldorado do Sul (RS). Desde 1967, quando surgiu como uma central de compras de medicamentos criada para atender as drogarias gaúchas Panitz e Velgos (as duas redes que se uniram cinco anos depois, dando origem à Panvel), o grupo atendia pelo nome de Dimed Distribuidora de Medicamentos.
A aproximação com os investidores é mais uma etapa de um movimento iniciado em meados do ano passado, quando a Panvel fez uma reabertura de capital na bolsa (re-IPO), levantando R$ 480 milhões para financiar a expansão pelo Sul do país. A segunda fase veio com a adesão ao Novo Mercado, convertendo as ações preferenciais (PNs) em ordinárias (ONs) - um processo que contou com um embate com os minoritários, até que a companhia aceitou fazer a conversão de 1 para 1.
A Kinea, que comprou a fatia detida na Panvel pela IP Capital Partners há dois anos, vendeu parte da posição na oferta subsequente de ações, mas a ainda é acionista relevante. Com pouco mais de 5% do capital, a gestora faz parte do bloco de controle da Panvel - composto pelas famílias Mottin, Weber e Pizzatto.
Na bolsa, a ex-Dimed está avaliada em R$ 2 bilhões. “Viemos reforçar o compromisso com a meta de dobrar de tamanho. Vemos uma oportunidade para conquistar ‘share’ no Paraná e Santa Catarina, Estados onde vamos triplicar a base”, disse Julio Mottin Neto, CEO da Panvel. Atualmente, a rede de drogarias é a líder do setor no Sul do país, com 11,8% de ‘share’ (a Raia Drogasil detém pouco mais de 7%).
No Rio Grande do Sul, a participação do grupo é de 20%, enquanto a fatia no Paraná e Santa Catarina gira em torno de 5,5%. Não à toa, o grupo joga as fichas para crescer nesses dois Estados - atualmente, os dois mercados são liderados por redes locais como a paranaense Nissei e a catarinense Preço Popular, que pertence ao grupo Clamed. Quando vendeu a tese da expansão no re-IPO, a Panvel contava com 450 lojas (sendo sete em São Paulo), um número que saltou para 500 e deve se chegar a 527 até o fim do ano.
“Serão 850 lojas em 2025”, disse Mottin. Em 2022, 65 lojas serão abertas (80% delas já contam com ponto definido e contrato de aluguel alinhavado). A receita média mensal por loja pularia de R$ 550 mil para R$ 800 mil até 2025, diluindo custos fixos com pessoa e aluguel. “Como vou destravar uma venda média maior, a margem Ebitda sai de 5% para 7,5%”, diz Antônio Carlos Napp, executivo-chefe de finanças e diretor de relações com investidores.
As novas lojas já vêm mostrando sinais positivos. Em menos de um ano da abertura, as vendas médias já chegam a 80% - normalmente, uma loja mais de três anos para atingir o potencial. Na estratégia, a multicanalidade ocupa um papel crucial, com as vendas digitais já respondendo por 16%. As lojas já são abertas funcionando como um hub logístico para o e-commerce. O tamanho das lojas também faz diferença. Na expansão, a Panvel prioriza pontos com pelo menos dez vagas de estacionamento, em espaços que permitam um mix de produtos maior nas prateleiras.
No portfólio, outro trunfo é a marca própria, atualmente restrita a vitaminas e produtos de higiene e beleza. “Esse combo é pouco mais de 9% da receita e ainda nem entramos em medicamentos, que é uma oportunidade futura”, diz Mottin. A área de serviços, puxada pela oferta de vacinas, representa mais de 5% das vendas. Atualmente, a rede já conta com 200 salas da Panvel Clinic, sendo que 80 delas oferecem vacinas. As farmácias tiveram autorização da Anvisa para aplicar vacinas em 2017. A Panvel planeja lançar um marketplace, que trará indústrias para vender produtos no site da companhia, até julho de 2022.
A companhia diz que não abre da política de caixa conservadora. “Nossa estrutura de capital está bem confortável. Investimos bastante em estoque, expansão no primeiro semestre, mas a partir do segundo semestre voltamos a gerar caixa”, diz o CEO. Em junho, a rede tinha R$ 172,2 milhões em caixa, acima do endividamento bruto de R$ 160 milhões.
“É comum que o varejo opere de maneira muito alavancada, mas isso é complexo no atual cenário. Ter dívida alta é problema porque o juro está vindo com força. Mas essa não é a realidade da Panvel, felizmente”, frisa o executivo. Até aqui, os investidores ainda não compraram a tese de crescimento da Panvel.
No ano, até ontem, os papéis da rede gaúcha caem 42%. “Entendemos que a ação está super barata, o que é uma oportunidade para quem está com caixa. Mas não nos interessa manchetes de curto prazo que movimentem o preço da ação. O que nos motiva é o resultado ano a ano”, conclui Mottin.
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